quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Resenha: Menina Má



É fato que o terror se reinventa. Afinal não é fácil agradar um público cada vez mais cético. Mas, se tem um tema no terror que sempre surpreende, é serial killer. E os psicopatas tem mais inclinação para esses crimes.
Menina má, escrito há quase 70 anos, não nos traz terror em si, mas desespero ao lermos o enredo. Criança na trama sempre nos rende falta de ar. Temos a criança como imagem da inocência... Mas, não nossa Rhoda. “Aquela ali eu sei que é capaz de qualquer coisa”, nas palavras do ressentido e imoral zelador Leroy , que descobriu da pior forma que estava certo. Rhoda é o contraste perfeito da face de anjo da ingenuidade da criança com a face fria e calculista de uma assassina hábil.

Nos diálogos vemos os pudores na época em que March escreveu o livro, década de 50. Coisas que hoje nos pareceriam óbvias, na trama acaba gerando suspense. Contudo, ainda assim, nos sentimos aflitos com a perspicácia da garota. Christine, a mãe, é aquele estilo de mãe bem a época... Dona de casa, marido sempre fora de casa a trabalho, bem arrumada, educada e com muito tempo ocioso, se divide entre as tarefas de casa, os cuidados com a filha e conversas com sua melhor amiga e vizinha Monica.

Um acontecimento quebra a rotina de Christine, e a deixa intrigada. Pois, somada a outras coincidências a preocupa. Será que Rhoda teve algo a ver com a morte do coleguinha de escola? Christine não consegue pensar que não, e começa a relembrar eventos acidentalmente trágicos que ocorreram na presença da filha. A queda do cachorro da família do segundo andar, a morte da vizinha que caiu da escada... E sempre com Rhoda obtendo algum beneficio. Christine começa a pesquisar sobre psicopatas, assassinatos, principalmente aos que iniciaram jovens suas curiosas carreiras. Nessa constante preocupação, ela tem lapsos de memórias que a atormentam, não sabe se são reais ou apenas peças da mente. Aos poucos descobre seu próprio passado conturbado.

Nesse contexto, é aberta a discussão: será que a maldade surge de acordo com a necessidade, ou a ocasião em que se apresenta? Ou será que ela é nata, uma sementinha que germina dentro de cada um, passando entre as gerações? Christine tentou, em vão, chegar a uma resposta. Mesmo diante do drama da mãe, o que prevalece ainda é a atitude dissimulada de Rhoda, sua incapacidade de sentir amor ou ódio... Prevalece sua insaciável cobiça.



Nota:
5/5


Ficha Técnica:
Título: Menina Má
Título Original: Bad Seed
Autor: William March
Editora: DarkSide Books 
Ano de Lançamento: 1954 – Edição de: 2016
Páginas: 195
Sinopse: Publicado originalmente em 1954, MENINA MÁ se transformou quase imediatamente em um estrondoso sucesso. Polêmico, violento, assustador eram alguns adjetivos comuns para descrever o último e mais conhecido romance de William March. Os críticos britânicos consideraram o livro “apavorantemente bom”. Ernest Hemingway se declarou um fã. Em menos de um ano, MENINA MÁ ganharia uma montagem nos palcos da Broadway e, em 1956, uma adaptação ao cinema indicada a quatro prêmios Oscar, incluindo o de melhor atriz para a menina Patty McComarck, que interpretou Rhoda Penmark. Rhoda, a pequena malvada do título, é uma linda garotinha de 8 anos de idade. Mas quem vê a carinha de anjo, não suspeita do que ela é capaz. Seria ela a responsável pela morte de um coleguinha da escola? A indiferença da menina faz com que sua mãe, Christine, comece a investigar sobre crimes e psicopatas. Aos poucos, Christine consegue desvendar segredos terríveis sobre sua filha, e sobre o seu próprio passado também.

MENINA MÁ é um romance que influenciou não só a literatura como o cinema e a cultura pop. A crueldade escondida na inocência da pequena Rhoda Penmark serviria de inspiração para personagens clássicos do terror, como Damien, Chucky, Annabelle, Samara, de O Chamado, e o serial killer Dexter.

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